Audiodosimetria em motociclistas: o capacete é um atenuador de ruído? - Ambientec
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    Audiodosimetria em motociclistas: o capacete é um atenuador de ruído?

    Por André Rinaldi e Jaqueline Oliari
    09/02/2018

    Mais uma dúvida muito comum aos higienistas: avaliar o ruído dentro ou fora do capacete? Este ruído, que chega aos ouvidos do motociclista, é atenuado pelo capacete?

     

    Traçando um paralelo e, é claro, guardada as devidas proporções, é similar ao caso da exposição a fumos de solda pelo soldador: o amostrador deve ser posicionado dentro ou fora da máscara de solda?

     

    Baseado nesta dúvida, este artigo, baseado em estudo experimental, se propõe a comparar a audiodosimetria realizada dentro e fora do capacete, verificando se há diferença significativa entre elas, indicando que o próprio capacete pode ou não agir como atenuador de ruído.

     

    A avaliação no interior do capacete foi realizada utilizando um mini-microfone (MIRE) com uso de um audiodosimetro polonês fabricado pela Svantek, modelo SV 102. Já a avaliação externa foi realizada utilizando um audiodosimetro norte-americano fabricado pela Quest Technologies / 3M, modelo The Edge 4.

     

    Foi realizada a seleção de alguns usuários, na função de fiscais de uma empresa de coleta de resíduos, que fazem uso de motocicleta em suas atividades laborais, com o intuito de acompanhar/fiscalizar a execução dos serviços da sua equipe.

     

    Todos fizeram uso da mesma motocicleta (Honda, modelo Cargo CG 125 KS, ano 2014), porém o modelo de capacete (San Marino – Taurus ou Fly F8), uso da viseira do capacete (aberta ou fechada), o trajeto, o tipo de piso (asfalto ou paralelepípedo) e as condições do mesmo ao longo do trajeto e a própria condução da motocicleta, foram variáveis ao longo da pesquisa.

     

    Algumas premissas foram adotadas, dentre elas: proibição de conversa, inclusive por telefone móvel e limitação da velocidade máxima em 60km/h.

     

    A tabela abaixo apresenta, de forma resumida, os resultados obtidos. Na última coluna, pode-se observar a atenuação caracterizada pela subtração do ruído encontrado interno ao capacete, frente ao ruído externo.

    Com base nos resultados encontrados, verificou-se que a possível atenuação proveniente do próprio capacete é praticamente insignificante, frente ao uso rotineiro da viseira aberta, atitude esta, que contraria a correta condução de motocicleta, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e se dá devido a três características significativas relatadas pelos motociclistas avaliados:

     

    • Sensação de calor por consequência do revestimento interno;
    • Embaçamento da viseira devido respiração e;
    • Impossibilidade de conversar com trabalhadores das frentes de serviço do qual fiscalizam.

     

    Além da exposição ocupacional ao ruído acima do limite de tolerância estabelecido pela NR 15, pode-se concluir através desta pesquisa que o capacete não pode ser considerado um atenuador de ruído, muito menos assemelhar-se da eficácia de um protetor auditivo.

     

    O motivo pelo qual o ruído no interior do capacete situar-se acima do limite de tolerância, é devido ao mesmo ser utilizado, rotineiramente, com a viseira aberta, prática proibida pelo CTB conforme exposto acima.

    Portanto, é sugestivo buscar por capacetes que possuam melhor aerodinâmica, para que o usuário adote o hábito de manter a viseira permanentemente fechada, uma vez que este experimento demonstrou que a atenuação ao ruído pode ser eficaz quando utilizado de forma adequada.

    Contudo cabe salientar que não é aconselhável o uso de protetores auditivos para atividades que envolvam atenção ao trânsito devido a possibilidade de minimizar a capacidade auditiva, principalmente nas faixas de frequência predominantes da fala e da movimentação de veículos ao redor do motociclista podendo, inclusive, aumentar a chance de acidentes.

    Mais informações sobre este estudo, pode ser encontrado no artigo completo. Clique aqui.

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