Entrevista com Engenheira traz os principais pontos sobre saúde e segurança no trabalho na cozinha
Em comemoração ao Dia do Cozinheiro, saiba quais os riscos e como evitar acidentes nesta função.10/05/2016
Para tratar de assuntos que são recorrentes e muitas vezes dúvida para gestores e empresários do ramo alimentício, incluindo restaurantes e manipulação de alimentos, fizemos uma entrevista com a Mirma Lopes Amorim, Engenheira Eletricista e de Segurança do Trabalho, que também é Sócia-Proprietária da Unidade de Campo Grande-MS e Dourados-MS.
AMBIENTEC: Com relação a segurança no manuseio de eletrodomésticos, ou equipamentos industriais, quais os pontos aos quais devemos atentar?
MIRMA: De saída, é preciso sempre lembrar-se da eletricidade, que ela não tem cheiro, cor ou som e, portanto, não é um risco que pode ser facilmente identificado e, dependendo da situação, pode ser fatal. Então, tanto no ambiente industrial, comercial quanto doméstico, precisamos ficar atentos à segurança das instalações elétricas. Fiação e quadros de distribuição mal dimensionados são os grandes vilões em casos de incêndios. Por isso é importante seguir todas as recomendações das Concessionárias de Energia, além de ter um projeto de instalação concebido, executado e acompanhado por profissionais habilitados e qualificados para tal serviço. A prevenção é a melhor saída para evitar acidentes.
Em seguida, os equipamentos industriais devem ser encarados como potenciais de riscos mecânicos e, portanto, devem ter projetos e execuções com os cuidados análogos aos citados acima. E devem ser operados por colaboradores adequadamente treinados e sabedores dos riscos a que estão expostos.
AMBIENTEC: Quem trabalha em cozinhas industriais acaba tendo algumas demandas elevadas com relação peso e atividades em larga escala, como podemos prevenir os desgastes físicos?
MIRMA: O ideal para qualquer ambiente de trabalho é que ele seja pensando e adaptado ao trabalhador ainda na fase de projeto. Enfim, numa tentativa de enumerar os maiores problemas e suas soluções, poderíamos citar:
Calor. É um dos riscos ergonômicos mais agressivos. Para minimizar seus efeitos, o ideal seria:
Instalação de sistema de troca de ar. Rodízios entre áreas quentes e áreas menos quentes. E podemos acrescentar ventilação e exaustão. Um bom exaustor pode reduzir significativamente o calor do ambiente.
Cargas pesadas, de pega pobre e transmissora de calor, como panelas e demais utensílios da cozinha. O ideal é que as alças e pega-mãos sejam tubulares e que proporcionem uma boa pega (com diâmetro entre 25 e 35 mm). Com bacias, panelas e recipientes menores e mais leves, de até 20 kg para movimentação rotineira.
Com fogões, balcões e demais superfícies de apoio tendo suas alturas úteis mantidas à altura dos cotovelos dos colaboradores.
Com instalação de apoios para pés ao longo de todos os balcões, que possam servir de revezamento entre os membros inferiores esquerdo e direito.
Ainda mais: colocar carrinhos manuais para levar as comidas prontas desde a cozinha até a gôndola do ‘self service’.
Esforços repetitivos dos membros superiores, representados especialmente por “mexer panelas” (por exemplo, a cozinheira mexendo em 20kg de polenta, com emprego de uma gigantesca colher de pau). Para minimizar seus efeitos:
– Substituição de sistema manual por, mecanizado;
– Redução no volume das panelas (saem os 20 kg e entram 5,0Kg, por exemplo);
– Rodízio nas atividades (não mais de 50 minutos contínuos de atividade);
AMBIENTEC: Sobre a saúde do cozinheiro, quais as dicas para prevenção de algumas doenças predominantes dessa área de trabalho?
MIRMA: Os riscos mais comuns são os físicos, os biológicos e os ergonômicos (que envolvem o conforto e mobiliário), além dos acidentes (devido ao manuseio de objetos cortantes, lâminas, vidros, etc.).
Doenças típicas (embora sejam de conhecimento específico dos profissionais da Área Médica) poderiam ser citadas como:
– as ligadas a problemas músculo/esqueléticos, coluna dorsal, em especial;
– varizes e problemas de circulação nos membros inferiores, em função do muito tempo passado em pé e parado;
-reumatismos e doenças análogas, ligadas a choque térmicos, umidade, etc.
A partir de uma análise do ambiente do trabalho, um profissional habilitado poderá definir os riscos do local. Este estudo servirá de base para dois documentos obrigatórios que visam a prevenção de acidentes e doenças do trabalho: o PPRA (PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – NR9) e o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – NR7).
AMBIENTEC: Para finalizar, quais as dicas pode deixar, tanto para cozinheiros domésticos, bem como profissionais.
MIRMA: Os empregados devem receber orientações sobre:
■ a operação de equipamentos, instruções,
■ padrões mínimos de Segurança e,
■ depois disso, um feedback sobre suas ações diárias.
Essa orientação, mais focada para as técnicas preventivas e equipamentos adequados, é baseada no comportamento e, assim, os funcionários aprendem quais são os mecanismos de Segurança mais indicados e como eles devem realizar as suas atividades da maneira mais segura possível.
AMBIENTEC: Quais os cuidados básicos com manuseio de alimentos que um profissional de cozinha, e até uma dona de casa, deve ter?
MIRMA: O conhecimento sobre os Procedimentos de Segurança pouco valem se os funcionários não valorizarem as práticas de Segurança no dia-a-dia. Cada indivíduo deve estar pronto para assumir responsabilidades em suas ações, utilizando os equipamentos adequados e realizando suas atividades de maneira segura.
Texto com colaboração de Eng. Mirma Lopes Amorim – Unidade Campo Grande-MS e Unidade Dourados-MS